A Maçonaria Portuguesa: Fragmentos de um diário maçónico I

Devido ao apurado sentido crítico decidi transcrever partes de um diário de um Maçon, que nos poderá auxiliar, a compreender de uma forma mais fria a vida na Maçonaria Portuguesa:
“Entramos no templo ainda a luz não se manifestara, quando na obscuridade desta noite, vi uma silhueta pouco elegante dirigir-se em passos pesados e esquadriformes para o Oriente, onde refasteladamente deixou cair os seus noventa e muitos quilos. Confesso que fiquei intrigado com abundância gordurosa daquele estranho espécime, a sua figura chocava o meu sentido de harmonia e proporcionalidade corporal. Tentei silenciar os meus nefastos pensamentos, recordando-me que se tratava de um irmão, e que embora desconhecesse totalmente a sua identidade se encontrava unido a mim pelos sagrados laços da irmandade, decidi então procurar mentalmente uma desculpa que pudesse ser racionalmente assimilada pelo meu cérebro e que me permitisse sentir empatia pela estranha figura e quem sabe o despertar de um genuíno sentimento de confraternidade.
Enquanto a minha mente vagueava pelos domínios da imaginação, o ritual maçónico ia decorrendo naquele tom melocórdico que me recordava as antigas missas que o meu avô me obrigava a assistir na minha aldeia. Quando finalmente me deixei repousar suavemente na cadeira que me correspondia, recordei ao meu corpo a postura erecta como expressão do meu mais profundo respeito pelo ritual a ser realizado e para com os meus amados irmãos.
Um trabalho simbólico começou a ser lido, quando de súbito já absorto dos meus pensamentos para com esse determinado irmão, ouvi um enorme som catastrófico que por segundos me pareceu ser um animal selvagem e imundo a regatear pela sua ração diária. Mas o meu olhar, foi parar automaticamente naquela figura obesa (já nada lhe conseguia encontrar que me inspira-se a bondade de espírito e a tolerância intelectual) semi-deitada no seu banco, enquanto um dos seus braços encontrara apoio na volumosa barriga de cerveja que não se deixara domar quer pelo cinto das calças ou o fecho das mesma, o que juntamente com a boca escancarada e o som animalesco que de lá saia – qual ronco de suíno – concluía numa imagem hedionda que na minha humilde opinião deveria ter sido automaticamente expurgada da nossa Obediência.
Ninguém o silenciou. A ordem dos trabalhos continuou como se aquele ruído e imagem fossem apenas um delírio dos que tivessem a ousadia de o observar na sua realidade crua. Por fim quando acordou, limpou discretamente os cantos da boca que reluziam embevecidos por uma baba inadmissível. Este acontecimento marcou-me imenso e levou-me a concretização de uma questão para a qual não encontrei resposta ainda: “Como poderá a Maçonaria combater a ignorância quando não é capaz de exorcizar a ignorância dos seus membros?” Falta de educação e falta de respeito pela maçonaria e pelos seus companheiros, narra apenas a vulgaridade e boçalidade destes vermes que se alimentam dos verdadeiros Filhos da Viúva.

Tenho dito,

Hiram”

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Hiram_abiff_1366@gmail.com


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