“Como fazer o seu Liber em três parágrafos” – In, “Os Insondáveis Mistérios da Lux das Lesmas”

Há cerca de 102 anos atrás, Aleister Crowley, encarado por muitos como maior ocultista do seu século, recebeu no Cairo através de uma comunicação com Aiwass, o Liber Al vel Legis. Tendo passado a maior parte da sua vida a tentar descobrir todos os enigmas desta obra, que marcava o Equinócio dos Deuses. Contudo, como Kenneth Grant sublinha, Crowley nos últimos anos da sua vida considerava que muitos dos seus segredos se mantinham insondáveis.
Charles Stansfeld Jones, Frater Achad, considerado filho mágico de Crowley, acabaria por descobrir em 1917 a chave de interpretação do Livro da Lei, na palavra AL estando na origem da descoberta da fórmula mágica LAShTAL. Sendo de realçar, que tendo tido uma aprendizagem prodigiosa, Achad acabou por enlouquecer, virando-se totalmente contra Crowley que o acabou por expulsar da O.T.O.
Imagine-se! Crowley nunca conseguiu descobrir todos os segredos do Livro da Lei, e o seu filho mágico, tendo descoberto a chave deste acabaria por enlouquecer, mas mesmo assim, os thelemitas nacionais acreditam serem capazes de parir liber’s como quem defeca matinalmente! Conhecendo todos os mistérios de tais intuições divinas, que escondem em si as grandes verdades da alma de qualquer egregor thelemico-lusitana. Seja lá isso o que for!
Tendo-se tornado extremamente fácil a confecção de um Liber Thelemico, que pode ir entre três à quatro parágrafos. Numa espécie de: “Faça o seu próprio Liber em dez minutos!”, qual publicidade enganosa, que em vez de impingir o último elixir da eterna juventude para idosos, nos garante a Iluminação nos Verdadeiros e Insondáveis Mistérios da Lux das Lesmas. Numa verdadeira Obra a Negro, que de tão negra e putrefacta, cheira a cadáver em avançada fase de decomposição deixando-nos com o inconfundível odor de podridão.
No primeiro liber de início de carreira, aconselha-se que ao terminar não se esqueça de um pequeno conjunto de citações. Sendo de louvar se a sua escolha recair sobre a conhecida frase de James Montgomery, “Eu quero-te para o exército dos E.U.”. Qual é o thelemita português que não sonha em entrar para o exército americano? É preciso ser-se insano para não desejar fazer parte dessa máquina de interesses capitalistas, filha da Cultura de Massa e madrinha do Homem ignóbil e adormecido.
Para o seu segundo Liber, é de realçar que a junção de vários demónios e deuses é de louvar. Comece por um “Em nome de…” dá sempre mais força ao seu primeiro e único paragrafo (rápido e conciso), depois escolha o que mais lhe suscitar interesse. Lúcifer, Lilith e Shaitan estão entre os mais requeridos, ficando Azazel para o fim, como iremos ver em seguida. Junte um pouco de sangue, Fénix e o Dragão são os mais utilizados numa mistura bombástica com Aton e Pan. Termine a falar do ordálio, fica sempre bem, remate com um pouco da descrição da travessia de Daath (que por esta altura lhe deverá ser mais familiar que a Roda Gigante na Feira Popular da sua infância) e com uma frase pseudo-intelectual, qualquer coisa que meta Amor e Abismo.
Por fim, deixamo-vos na companhia dos Baphomet’s portugueses que ora cavalgam selvaticamente pelos prados alentejanos fornicando com Istart por detrás de pequenos menires, ora incorporam em devoradores de Daath que por si possuídos “puxam” literalmente Azazel das profundezas do Inferno.


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